domingo, 9 de novembro de 2008

Tiradentes

Estátua de Tiradentes, em Tiradentes. Por Arthur Cavalheiro.
Uma das maiores produtoras de ouro em pepita, a região de Tiradentes, muito bem conservada, cresceu com certa organização urbanística. Os edifícios e as construções históricas mantêm suas cores originais - ocre, branco, azul e mostarda para casas e comércio e o amarelo para construções religiosas -, assim como o calçamento das ruas, estrategicamente curvas a fim de favorecer a fuga de escravos; as beiras serviam de indicação social das famílias. A arte barroca é evidente, adotada em sua forma mais rígida.
Batizada inicialmente de São José, em homenagem ao príncipe e futuro rei de Portugal D. José em 1718, quando passou de arraial à categoria de vila. Em 1889, depois da proclamação da república e de ter sido uma importante fonecedora de ouro, a cidade recebe o atual nome de Tiradentes pelos republicanos, trocando a homenagem a um rei português para saudar um herói, Joaquim José da Silva Xavier, o "Tiradentes", figura importantíssima na independência do Brasil, tanto quanto para a inconfidência mineira, que até hoje tem sua figura associada a Cristo por ser um mártir que morre a fim de afirmar seus princípios e salvar seus seguidores.

Entrevista com uma moradora da cidade de Tiradentes

Marlene, 28 anos, mora em Tiradentes há 2, mas já trabalha lá há 10 anos. Diz gostar da tranqüilidade da cidade e também da movimentação, causada principalmente por turistas atraídos pela parte histórica muito mais preservada do que em sua cidade natal, São João Del Rei. Conversamos também com outras pessoas, grande parte turistas e comerciantes, que moram em outras cidades, todos muito simpáticos e aparentemente já acostumados com visitas de estudantes e pesquisadores. O comércio e o turismo são as principais atividades econômicas; dependentes uma da outra, atendem as necessidades apresentadas pela população típica da região, que não pode ser considerada um simulacro. O exterior e o interior das construções históricas estão muito bem preservados, não há lojas grandes e sofisticadas ou bancos atuando dentro de prédios que mantêm a estrutura original. As casas de doces típicos e de artesanato, assim como o resto da cidade, as residências, as vielas e escadarias, entre outros, conservam a simplicidade mineira do século XVIII.

Igreja Santo Antônio

Igreja Santo Antôni0, Tiradentes. Por Victor Hugo
A Igreja matriz Santo Antônio está em funcionamento desde 1730, sua fachada foi a última obra de Aleijadinho e seu interior é de madeira coberta com finas películas de ouro. É a segunda igreja com maior quantidade de ouro (aproximadamente 500kg) no Brasil, perdendo apenas para Igreja de São Francisco de Assis, em Salvador.
Localizada na cidade de Tiradentes, hoje não abriga mais cerimônias religiosas, fica aberta apenas para visitas.
Foi arquitetada no fim do Rococó, exibe o exagero visual e estético com a intenção de convencer e atrair os fiéis, objetivo principal do Barroco, e pela inacessibilidade do conhecimento, foi mais fácil consegui-lo.

Cemitério

Cemitério, Tiradentes. Por Arthur Cavalheiro.
O cemitério era antes dentro da igreja, debaixo do assoalho, e quanto mais rica era a pessoa a ser enterrada, mais perto do altar era o seu tumulo, portanto mais perto de Deus. No século XIX foi transferido para o lado de fora, por questões sanitárias.

Relógio de sol

Relógio de sol, Tiradentes. Por Victor Hugo
Relógio de sol mede a passagem do tempo através da projeção da sombra que o sol provoca, passando sucessivamente pelas linhas que indicam as horas.
O tempo estava nublado no dia em que visitamos o relógio de sol, que fica em frente à igrejaSanto Antonio, por isso não foi possível visualizar seu funcionamento.

Chafariz São José

Chafariz São José, Tiradentes. Por Lucas do Amaral.
Com peculiaridades únicas em todo o Brasil, o chafariz São José, situado em ponto de rota comercial, já serviu de lugar de descanso para animais e viajantes, lavanderia, púlpito e oratório, e ainda é palco para uma lenda que diz que a água que sai de cada uma das três bicas traz diferentes sortes - ou azares! - para quem bebê-la.
Hoje o chafariz ainda serve de bebedouro para a comunidade local e para todos os turistas que visitam a cidade diariamente.

Mina da Passagem

Mina da Passagem, Mariana.Por Pâmella Canin
A Mina da Passagem localiza-se no Quadrilátero Ferrífero, na Serra do Espinhaço com características de formação pré-cambriana, suas rochas são sedimentares, metamórficas e magmáticas. Assim como na Serra do Espinhaço, a clivagem, alinhamento perfeito das rochas, é evidente.
Em uma região de transição entre biomas (mata atlântico – cerrado), possui abundante riqueza mineral que culminou em uma degradação em grande escala feita pelo homem movido a luxúria.
A exploração era sua única função inicial, ao passo que a retirada do ouro em forma de minas, que explora subterraneamente a rocha, diferente da faisqueira, que se dá nas margens dos rios, provocou impactos irreversíveis ao meio ambiente. Hoje, o impacto causado pelo turismo não tem a mesma dimensão.
A mineração do tipo faisqueira é bem mais simples do que a exploração subterrânea e, a curto prazo, provoca menos estragos. Consiste em bater a água do rio na baléia, espécie de peneira, movimento que separa o ouro do cascalho e dos demais materiais. Mas as minas eram preferidas pela maior lucratividade, apesar de mais trabalhosa por ir à direção ao cráton.
O limite entre a nova função de um espaço e sua descaracterização como patrimônio histórico se dá pelo nível de degradação que o turismo trás consigo afetando a preservação dos patrimônios históricos.



Ouro Preto

Vista de Ouro Preto. Por Thayane Rosa.


Ouro preto foi oficialmente fundado por Antônio Dias. Em 1698 ele sai de Taubaté e acampa na região do rio das Velhas, começando então a formação da cidade.
A primeira do Brasil a ser reconhecida pela UNESCO , em 1980, como patrimônio cultural da humanidade, Ouro Preto é um dos maiores acervos do século XVIII do mundo. Isso se deu inicialmente por fatores negativos como a transferência da até então capital de Minas Gerais, Ouro Preto, para o atual belo horizonte, com essa mudança, grande parte da população influente sai da cidade mudando-se para a nova capital. De certa forma isso preservou a cidade em vários aspectos, mantendo o seu estilo original do século XVIII, tanto no lado artístico quanto histórico.
Hoje em dia é nítida presença de simulacros em todas as partes da cidade histórica. O novo compartilhando o mesmo espaço com o antigo, cuja fachada é predominante do século XVIII e XIX, mas o seu interior é completamente contemporâneo. Isso tudo nos remete a uma viagem no passado com monumentos e peças artísticas originais da época.
A cidade esta localizada em um ponto banhado por serras e morros, nela temos o Morro da Queimada, que foi um dos centros mais importantes na extração de minério com mais de 300
túneis em seu interior. Até hoje a economia da cidade se baseia na extração de minério, diferente do que muitas pessoas pensam que sua atividade central é o turismo. Ela possui duas grandes mineradoras a Vale do Rio Doce e a SAMASP mineradora, sendo essas, empresas que contribuem para o desenvolvimento da cidade, e possuem como principal foco a extração de minérios como o alumínio , minério de ferro e o manganês.
Uma curiosidade sobre a cidade é em relação ao sistema de distribuição de água.Nela grande parte da água distribuida vêm de lençois freáticos que se localizam em toda região das minas.Sendo assim a população paga somente uma pequena quantia pelo custo do consumo junto ao IPTU.

Museu da Geologia

O museu de geologia de Ouro Preto possui uma vasta amostra de minerais de diversas partes do planeta, considerado um dos mais completos do mundo, o museu também oferece uma grande diversidade de maquetes e projeteis que contribuem para o aprendizado sobre o assunto.
O museu esta localizado no antigo palácio dos governantes, no qual foi construído entre 1741 e 1748 que por sua vez localizado na Praça do Poder. Hoje o museu recebe visitantes de diversas partes do planeta, contribuindo assim com o crescimento da cidade, e mostrando um pouco do porque Ouro Preto foi o ápice da corrida do ouro em Minas Gerais.

Museu da Inconfidência

Museu da Inconfidência, Ouro Preto. Por Paula Torres
No século XIII funcionava como cadeia em baixo e câmara em cima, após a transferência para Belo Horizonte ficou apenas penitenciaria e hoje é o museu da inconfidência.
O museu conta com um espaço que abriga os túmulos dos inconfidentes, o Panteão, e possui cerca de 40 mil documentos que retratam o cotidiano, o contexto histórico, a caligrafia e as palavras da época; é onde está a sentença de morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
O acervo também conta com objetos históricos relacionados a meios de transporte, utensílios do culto religioso, do cotidiano e decoração.

Igreja São Francisco de Assis

Igreja São Francisco de Assis, Ouro Preto. Por Thayane Rosa
A igreja São Francisco tem a estrutura interna parecida com as outras igrejas de Ouro Preto, também tem uma porta que divide o espaço profano com o espaço sagrado, possuindo ouro e a prata. O que a diferencia das outras igrejas é o púlpito feito de pedra de sabão.
Era uma igreja para a elite local, ou seja, para quem possuía riquezas, negros ou índios não podiam frequentá-la.

Casa dos Contos

Casa dos Contos, Ouro Preto. Por Paula Torres
Casa construída para tomar conta das finanças e receber imposto sobre o ouro (quinto, quatrocentas arrobas anuais), localizada em Ouro Preto, atualmente realiza a função de estudos sobre o sistema monetário brasileiro.

Igreja Nossa Senhora do Rosário

Igreja Nossa Senhora do Rosário, Ouro Preto. Por Arthur Cavalheiro
Localizada no bairro do Pilar, foi construída por negros com o ouro que os escravos alforriados conseguiam. Tem como modelo Barroco Tardio, um diferencial dessa igreja é que a porta principal não esta no nível da fachada e tem a galiléia. A semana santa ocorria nessa região.

Igreja Nossa Senhora do Pilar

Igreja Nossa Senhora do Pilar, Ouro Preto. Por Pâmella Canin
A igreja foi construída entre 1711 e 1733, sendo que até 1750 continuaram as obras com trabalhos decorativos. O nome da igreja é referente à sua santa de devoção que é a Nossa Senhora do Pilar.
Seu estilo é anterior ao Aleijadinho e ao mestre Ataíde, sendo conhecida assim como, ‘‘segunda fase do barroco mineiro”, ou também como, “joanino”. As pinturas presentes no teto da igreja são do estilo Rococó.
As esculturas e decorações de madeira presentes na igreja são revestidas com uma película de ouro, ao todo a igreja possui mais ou menos 450 kg de ouro e prata, sendo que a prata é maciça. No altar a maioria das figuras foram revestidas com duas ou três películas de ouro, para dar a impressão de se tratar de esculturas de ouro maciço.
Nessa igreja há um subsolo, que servia para o sepultamento de membros da igreja. Nos dias de hoje este subsolo serve como um pequeno museu, onde há uma mesa funerária original da época, e alguns objetos que eram usados pelos religiosos nas pregações das missas.
Para a conservação da igreja é usado um processo rigoroso.Nas restaurações é priorizada a utilização de materiais e objetos o mais semelhante o possível aos encontrados naquela época, isso é feito para obter o mínimo de danos nas estruturas, sendo sempre executado por profissionais e peritos no assunto.

Uma curiosidade sobre a igreja é o estado de seu telhado. Ele estava tão degradado por fatores naturais que não foi possível uma restauração convencional, a única solução foi a reconstruí-lo.